terça-feira, 31 de maio de 2011

Sem críticas, sem alardes, a UnB curvou-se aos totalitários da Liga Juvenil Comunista da China


(http://www.tarekshalaby.com/wp-content/uploads/2009/06/china-censorship-of-the-internet-cartoon_0.gif)

A UnB recebeu na quarta-feira passada, dia 25/05, a visita de uma comitiva da Liga Juvenil Comunista da China. A comitiva esteve na Universidade de Brasília com o objetivo de estreitar os laços entre os movimentos estudantis chinês e brasileiro, bem como aproximar as juventudes desses dois países. O DCE da UnB, bem como membros do movimento estudantil de outras instituições de ensino - como a Universidade Católica de Brasília -, estiveram na recepção à delegação chinesa.


A Liga Juvenil Comunista da China nasceu em 1920 sob o nome de Liga Juvenil Socialista da China. Em 1925, durante sua 3ª Conferência, mudou seu nome para Liga Juvenil Comunista da China - que foi alterado novamente em 1949, passando a se chamar Liga Juvenil da Nova Democracia Chinesa, retornando ao nome anterior em 1957. A Liga Juvenil Comunista da China é uma braço organizado do Partido Comunista Chinês cujo público-alvo são jovens entre 14 e 28 anos. Representações desse grupo são, por lei, obrigatórias em todas as instituições de ensino médio e superior do país. Seu primeiro-secretário - cargo atualmente ocupado por Lu Hao, que a Secom informou erroneamente ser Ministro da Juventude da China (afinal, tal ministério não existe naquele país) - integra o Comitê Central do Partido Comunista Chinês. Vê-se que, portanto, não se trata de um movimento de juventude ou uma organização civil independente.


A Secretaria de Comunicação (Secom) informou, em sua matéria sobre a visita, que "a Liga da Juventude Comunista da China desempenha um importante papel na organização social e doutrinária do país asiático". Mas o que isso significa? Melhor: o que seria, especificamente, "organização social e doutrinária"? Para explicarmos essa questão, teremos que recorrer a apontamentos muito breves da história recente da China.


Em 1949, Mao Tse-tung assumiu o governo chinês após uma revolução que solapou o poder do governo nacionalista de Chiang Kai-shek. Após o estabelecimento de uma série de medidas profundamente desastrosas - como o plano econômico Grande Salto para Frente, que causou uma crise alimentar responsável pela morte de 30 milhões de chineses entre os anos de 1958 e 1961 -, o governo comunista chinês começou a entrar em decadência.


Para impedir a perda de seu poder, Mao promoveu uma revolução dentro da revolução: a chamada Revolução Cultural de 1966. Essa nova revolução representou um endurecimento do regime: milhares estudantes foram presos, centenas de intelectuais foram executados sumariamente ou encarcerados em campos de concentração (carinhosamente chamados de centros de reeducação), a censura à imprensa foi aprofundada, dentre outras medidas que visavam, no todo, à "organização social e doutrinária" do país. Nesse mesmo ano, foi editado e lançado o Livro Vermelho, uma espécie de livro sagrado do comunismo chinês com os ensinamentos do Grande Timoneiro.

Após a morte de Mao Tse-tung, em 1976, o governo chinês foi assumido por Deng Xiaoping, que promoveu a abertura econômica da China e sua inserção no mercado global. Esse processo de abertura econômica não foi acompanhado por um processo de abertura política, mas propiciou a criação de mecanismos de fuga do intenso controle ideológico promovido pelo governo chinês sobre a população jovem. Mais de uma década depois, um dos resultados mais visíveis desse "efeito colateral" da abertura econômica da China foi visto no mundo inteiro: os protestos da Praça da Paz Celestial, em 1989. A repressão aos protestos - mais uma medida de "organização social e doutrinária" - resultou na morte de aproximadamente 4 mil pessoas.


A Liga Juvenil Comunista da China é, portanto, um órgão governamental direcionado ao controle ideológico da juventude chinesa - controle esse realizado através de instrumentos tanto de doutrinação e de sufocamento de possíveis dissidências. Assim sendo, o que significa efetivamente "organização social e doutrinária" na China? Perseguição política, patrulhamento ideológico, cerceamento das liberdades individuais, censura aos meios de comunicação e outras arbitrariedades cometidas pelo Estado comunista chinês.


Triste notar que: 1) este evento teve publicidade quase inexistente junto à comunidade; 2) o próprio DCE não consultou as bases sobre seu posiconamento; 3) qualquer grupo discordante ficou, assim, impedido de se manifestar. Novamente suprimi-se a pluralidade política da comunidade acadêmica para dar lugar às preferências políticas dos membros do Diretório (ou seria Politburo?). Dessa forma, o DCE da UnB demonstra, no mínimo, fortes afinidades ideológicas com (ou total apoio a) o projeto político totalitário representado pela Liga Juvenil Comunista da China - assim como ocorreu com a quase-visita do presidente venezuelano Hugo Chávez, líder de um dos governos com inegáveis características ditatoriais. E, em se tratando de uma organização estudantil que se diz defensora dos interesses dos estudantes e dos princípios democráticos, a contradição é tão gritante que chega a ser embaraçosa.


Este texto teve por base a matéria da Secom acessível por este link: http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=5126, e foi escrito por Felipe de Oliveira, estudante de Administração na UnB e novo membro da Aliança pela Liberdade.

sábado, 28 de maio de 2011

Aliança pelos Happy Hours!

Aliança pela Liberdade impede que happy hours sejam proibidos de fazer publicidade

Na reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) de quinta-feira passada (26/5), os professores e estudantes que compõem o conselho discutiram, dentre outros temas, a minuta para consulta pública que estabelece as diretrizes de convivência da comunidade universitária.

O documento, que ainda será avaliado pelo CONSUNI, estabelece regulamentações que permitam "assegurar as condições necessárias para o desenvolvimento das diversas atividades da Comunidade Universitária". Por exemplo, define-se de forma clara qual o tipo de trote que é considerado passível de sanções.

Porém, alguns problemas foram verificados no mesmo, que envolvem desde correção de linguagem até questões ligadas ao conteúdo. Os conselheiros discentes Davi Brito e Kaio Felipe, membros da Aliança pela Liberdade, perceberam que o documento proibia eventos de médio porte (categoria na qual se incluem os happy hours) de serem divulgados:

"IV) eventos de médio porte são definidos pelas seguintes condições:

a) são voltados à comunidade universitária, sendo vedado publicidade em meios de comunicação de qualquer tipo e venda de ingressos; (...)"

Se tal regra fosse ser levada à risca, os CAs que realizam happy hours estariam proibidos de utilizar cartazes e até a internet (p.ex., redes sociais como o Twitter) para fazer propaganda. Além disso, não há por que impedir os HHs de serem publicizados em rádios ou outros meios de comunicação de massa. Diante disso, o conselheiro Kaio Felipe sugeriu a seguinte alteração:

"a) são voltados à comunidade universitária, sendo vedada a venda de ingressos; (...)"

Os demais conselheiros - inclusive os representantes do DCE - não viram nenhum problema na alteração, e a apoiaram.

Imaginem se esse parágrafo passa batido? As festas de médio porte que os Centros Acadêmicos promovem (que, além da confraternização, ajudam os CAs a financiarem a realização de outras atividades) que se utilizassem de qualquer mídia (inclusive virtual) estariam na ilegalidade!

A Aliança pela Liberdade, mais uma vez, procurou defender os direitos dos estudantes diante dos absurdos que a burocracia universitária pode produzir!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Restaurante Universitário: Quando comer torna-se um ato de bravura


*Por Mateus Lôbo

Não é novidade que o nosso Restaurante Universitário está cada vez mais precário. Embora tenha passado por ampla reforma em 2010, é exorbitante o número de vezes que o mesmo restaurante foi fechado desde então por problemas na já lendária caldeira. Alguns dizem que ela pode explodir a qualquer momento.

Amanhã e sábado será a próxima vez que o R.U. fechará para reparos na bendita caldeira. Ao abrir-se o site do Restaurante lê-se:

Comunicamos que nos dias 20 e 21 de maio o Restaurante Universitário de Brasília estará fechado, pois haverá uma reforma na Caldeira.

Além disso, é gritante a má conservação do ambiente do restaurante e, sobretudo, a má higienização dos pratos disponibilizados para o usuário. Ontem, por exemplo, fui brindado com um prato "limpo" contendo restos de laranja e um segundo com restos de vegetais.

Assim, juntando o sujo com a estrutura precária do R.U., eu e meus colegas desta Aliança pela Liberdade protocolamos hoje na UnB o documento abaixo. Agora é esperar uma resposta dos reclamados.




Brasília, 19 de maio de 2011.


Magnífico Reitor José Geraldo de Souza Júnior,

Vossa Senhoria Decano de Assuntos Comunitários,

Prezada Diretora do Restaurante Universitário da Universidade de Brasília,


Desde o início deste semestre é notável aos usuários do R.U. a má higienização dos pratos disponibilizados para a realização de refeições e a constante ausência de guardanapos, em franco desrespeito às normas da Vigilância Sanitária.
Reiteradas vezes em pratos ainda não utilizados encontrei restos de comida. Ontem, por exemplo, encontrei restos de laranja em um prato e, em outro, restos de vegetais. Estando no refeitório 1, dirigi-me à nutricionista-estagiária presente ao local e registrei o fato.

Ademais, para o meu espanto, funcionários do R.U (enquanto eu registrava ter encontrado restos de alimentos em pratos "limpos") me disseram que isto vêm ocorrendo, pois lavam diariamente à mão mais de 1000 pratos, quando estes deveriam ser lavados por uma máquina.

Pergunto ao senhores: Este Restaurante, ao oferecer aos seus usuários pratos sujos à sua alimentação, obedece às regras da Vigilância Sanitária?
É procedente a informação que parte dos pratos disponibilizados ao usuário do R.U. são lavados à mão? Isso obedece às regras da Vigilância Sanitária?

Ademais, ao usuário do R.U, além de pratos sujos, é reservada também a espera freqüente por mais de 40 minutos em filas antes de realizar suas refeições. Não obstante, há dois refeitórios habitualmente fechados no último andar do Restaurante. Por que, mesmo após a ampla reforma que esse R.U. passou durante o ano anterior, ainda contamos com refeitórios fechados em uma Universidade que se expande anualmente?

Ressalto, também, que desde o ano passado o R.U. não conta com um sistema de catracas eletrônicas e tampouco com um sistema, outrora vigente, que possibilite a recarga antecipada de créditos nas carteirinhas. Por quê? Se o sistema era vigente até 2009, por que não o é mais?

Finalmente, no último dia 10 de maio a comunidade universitária da Universidade de Brasília foi surpreendida por um R.U. de portas fechadas. Como noticiou a UnBsecom, isso se deveu, novamente, ao atraso no pagamento dos funcionários do restaurante. Por quê? O que a diretoria deste Restaurante e, principalmente, a Administração Superior fez e tem feito para que o R.U. não feche mais as portas devido ao não-pagamento de seus funcionários?

Aguardo um posicionamento oficial dos reclamados e alerto, se não forem tomadas medidas públicas para regularizar a higiene do Restaurante, acionarei a Vigilância Sanitária.

Respeitosamente,

Mateus Lôbo de Aquino Moura e Silva,
Conselheiro discente no Conselho Superior Universitário (CONSUNI).


Subscrevem este documento:

Alexandre Neves,
Conselheiro discente no Conselho de Administração (CAD).

Davi Rodrigues Brito,
Conselheiro discente no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE).

Kaio Felipe Mendes de Oliveira Santos
Conselheiro discente no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE).

Rodrigo Lyra,
Conselheiro discente no Conselho Superior Universitário (CONSUNI).

sexta-feira, 6 de maio de 2011

H.U.B de quem é esse hospital?



O
Hospital Universitário de Brasília é a área que oferece a maior quantidade de créditos dentro da universidade. Um local onde os três pilares da academia - o ensino, a pesquisa e a extensão – se unem sob um mesmo teto. Entretanto, a sub-utilização do hospital é um dos maiores desperdícios praticados dentro da UnB. Capaz de abarcar quase todos os cursos da universidade, o HUB fica quase restrito às áreas da saúde. O curso de comunicação social poderia atuar dentro do hospital na formulação de campanhas, o curso de administração poderia criar estágios na área financeira, a psicologia poderia atuar de forma mais incisiva no acompanhamento e tratamento de pacientes e familiares, a física e as engenharias atuando na melhoria e manutenção de equipamentos de ponta, a arquitetura na melhoria da alocação de espaços e todas as infindáveis possibilidades que podem surgir da VONTADE.

Enfim, o HUB deve ser um espaço pelo qual todo e qualquer estudante da UnB deveria lutar, pois é ali que estão grandes oportunidades tanto para o crescimento profissional, quanto o pessoal. O hospital é um espaço tão seu quanto de qualquer médico ou paciente!

Cabe a cada estudante perceber que a vontade de desenvolver projetos acadêmicos e profissionais está ao alcance de suas mãos e que o espaço para fazer isso já existe. Não será o reitor que lutará por uma inclusão do seu curso dentro do HUB e certamente não será seu professor que o fará.

Lute pelo seu direito de ter uma formação melhor!

H.U.B o que está acontecendo?

Nos últimos dias verificou-se uma crescente mobilização dos estudantes da faculdade de saúde em prol do Hospital Universitário. As assembléias estudantis se acumularam na última semana do mês de abril para expor os graves problemas que a instituição vem sofrendo. Debates, propostas e encaminhamentos foram discutidos e a decisão foi unânime: Paralização dos estudantes da FS no dia 03/05. Foi o que se viu na última terça-feira.

Os problemas do HUB são emergenciais, embora a sua resolução se arraste ao longo de quase três anos. É o que se vê em relação ao pronto-socorro (fechado há três anos sem previsão REAL de reabertura).

Durante os últimos 3 semestres, vários setores do hospital ameaçaram ruir sob o peso das péssimas condições de trabalho e atendimento. Foi o caso da Gineco-Obstetrícia, da Pediatria e da Pneumologia. No último mês, a Cardiologia, Neurologia, Cirurgia e Clínica Médica tiveram que literamente fechar as portas.

Todas as internações foram suspensas por falta de insumos básicos como gaze, luvas, alcool e linha para sutura. As pessoas deixaram de ser operadas porque não haveria fio para “fechar o paciente”. Outras áreas como a farmácia-escola, a odontoclínica, enfermaria e projetos da nutrição também foram extremamente prejudicadas devido à negligência administrativa da reitoria e da direção do hospital.

A recente crise foi desencadeda, especificamente, pelo fechamento da Cirurgia e da Clínica Médica. Sem qualquer uma das duas áreas é IMPOSSÍVEL formar um profissional da saúde que tenha a mínima capacidade de atender um paciente. O Hospital Universitário se transformou em Ambulatório Universitário (uma das poucas áreas que ainda restam em pleno funcionamento).

Uma das causas da falta de insumos, equipamentos e profissionais é a verba insuficiente que chega ao hospital. Existem três “fontes” de renda que suprem o hospital : A UnB, o MEC e o Ministério da Saúde (MS). Cada um dos três orgãos tem uma participação específica no orçamento de materiais e profissionais contratados. Ocorre, porém que existe uma parcela significativa de funcionários que não é contratada pelo HUB (no sistema CLT), nem é terceirizada. São médicos, plantonistas, faixineiros, vigias e várias outras pessoas que prestam serviços essenciais ao hospital.

Esses funcionários têm contratos denominados de “precarizados” e correspondem à folha SICAP de pagamento no valor de 700 mil reais por mês. Esses funcionários não são de “responsabilidade” contratual de nem uma das três fontes, uma vez que atuam como pessoas jurídicas autônomas. Entretanto, elas devem ser pagas por alguém. Aí começa o problema : O HUB tem que literamente DESVIAR o dinheiro que o MS fornece para os insumos, no intuito de manter o quadro minímo de funcionários.

O MEC havia se comprometido em repassar 1,2 milhão de reais para o HUB como forma de pagar a folha SICAP (700 mil) e iniciar o abate de uma crescente dívida com fornecedores (500 mil/mês). Esse repasse deveria durar de janeiro/10 até fevereiro/11, totalizando 14 meses de repasse. Entretanto, em julho/10 esse repasse cessou e, obviamente, as dívidas começaram a se acumular. Daí veio o DESVIO da verba do MS.

Além do insuficiente aporte de verba pública, e talvez esse sim seja um ponto mais relevante, as várias gestões do HUB têm se mostrado incompetentes ao longo de vários anos. A inabilidade de licitar uma obra para o pronto-socorro é o marco mais evidente da incompetência. Há também casos em que a compra de materiais básicos foi feita sem observação dos melhores preços (caso das unidades de hemodiálise compradas a um preço mais de 80% acima do comprado por outros HU`s). A odontoclínica não possui nem mesmo sugadores para atender os seus pacientes e na farmácia-escola faltam não só medicamentos como a estrutura mínima para manipulá-los.

Diante de todos os problemas aqui expostos e outros mais que poderiam encher várias páginas, foi que os estudantes da Faculdade de Saúde iniciaram mais um protesto contra a gestão do HUB e contra a forma pela qual a reitoria se esquivava da responsabilidade de “adotar”, de fato, o hospital. As principais reivindicações entregues à reitoria foram a responsabilização pelo pagamento da folha SICAP (em caráter emergencial), a convocação de concursos públicos para suprir a carência de profissionais e também para regularizar a situação dos precarizados, a mudança no modelo de gestão do hospital e um aumento no aporte de verbas para o hospital.

Em uma histórica assembléia com a reitoria e decanos, os aproximadamente 300 estudantes sentaram no chão e debateram pontos de pauta no pátio externo do prédio da sede da administração da UnB . Em um claro momento de democracia participativa, os estudantes puderam fazer perguntas e prospotas diretamente aos responsáveis pela universidade. A maior conquista foi, sem dúvidas, poder escutar da equipe da reitoria que o HUB é de responsabilidade integral da UnB. As promessas de melhoria também vieram, mas, assim como essas, outras já foram ouvidas e nada foi modificado.

Resta continuar o movimento pelo HUB e pela saúde no DF.

Texto escrito à convite da Aliança Pela Liberdade por Igor Castro Carneiro, estudante do terceiro semestre da Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília.

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