*Por Nicolas Powidayko
O advento da consulta para reitor tem suscitado acusações desesperadas por parte de grupos radicais na Universidade de Brasília. Em detrimento de idéias e propostas, o debate tomou a reprovável direção dos ataques levianos e dos rótulos covardes. Queremos debater princípios e projetos. A UnB não se pode ver refém de uma falsa dicotomia entre timotistas e geraldistas. A diversidade de opinião é parte constitutiva da Universidade. Ela é saudável e necessária!
O Maestro Jorge Antunes, Professor Titular da UnB e ex-candidato a senador pelo PSOL, é uma importante voz vanguardista na nossa comunidade e um exemplo de mestre que debate sem se valer de etiquetas. Recentemente, em um texto intitulado "Antitimothismo: doença infantil do esquerdismo", o Maestro expôs de modo inequívoco o vazio dos discursos apresentados com base em rótulos maniqueístas e desprovidos de sentido.
O Maestro classifica o termo "timotista", utilizado na UnB para associar suas vítimas à irregular Gestão Timothy Mulholland, como um signo do medo:
"Passa-se a acreditar que nada será pior que o timothismo. Sabe-se que a expressão não quer dizer coisa alguma. O sufixo ismo, na expressão, não tem nada a ver com filosofias, escolas, ou vertentes ideológicas. O seu acréscimo à palavra timothy se refere simplesmente a questões éticas e morais."
Concordamos inteiramente com o professor e louvamos sua contribuição ao debate
honesto e respeitoso, a despeito das divergências que possamos ter quanto a uma universidade de excelência.
Enquanto associação discente,
esperamos a construção de uma universidade livre e de excelência em que o diálogo se dê no âmbito das ideias, mas sem argumentos de autoridade. Só assim a reflexão da comunidade será, ao final do processo,
consciente e plural!
Compartilhamos, ainda, o comentário do Prof. Carlos Alberto Torres, docente do Departamento de Administração e ex-Deputado Distrital do Partido Popular Socialista, sobre o texto do Maestro.
“Prezado Maestro Jorge Antunes,
O seu artigo é uma grande contribuição ao nosso debate. Concordo com a sua definição (ou antidefinição) de ‘timothismo’, pois ela está impregnada de sua postura sempre presente de enxergar o novo, criativamente, com coragem e integridade. Permita-me registrá-la:
‘Mas o antitimothismo se
impregnou nos discursos esquerdistas de tal forma, com tamanha magnitude, que
passa a cegar qualquer desavisado. Todo mundo tem medo, pavor, de ser tachado
de timothista. A acusação, então, passa a ser o divisor de águas. Passa-se a
acreditar que nada será pior que o timothismo. Sabe-se que a expressão não quer
dizer coisa alguma. O sufixo ismo, na expressão, não tem nada a ver com
filosofias, escolas, ou vertentes ideológicas. O seu acréscimo à palavra timothy
se refere simplesmente a questões éticas e morais.’
Permita-me incorporar essa análise, com a qual concordo, em minha elaboração. Embora não concorde com todos os aspectos do seu texto, particularmente com a conclusão de propor o voto nulo. Sei que você não se sentirá ofendido com isso.É que, prezado, assumimos desde a juventude um compromisso inabalável com a democracia e com a justiça social. Esta é a razão pela qual me declaro e me sinto de esquerda, embora no dia-a-dia eu encontre pessoas, com os mesmos compromissos, não preocupadas em assim rotular-se politicamente. Entre o egoísmo e o altruísmo, entre os interesses do capital e os do trabalho e entre os interesses individuais e os do bem comum, fico sempre politicamente com os segundos. Sei que muitos consideram isso uma postura utópica e desmedidamente generosa, e até a consideram ridícula em homens da nossa idade. Mas, penso, isso jamais destruiu a minha individualidade.
De seu texto, muitas coisas mais eu teria a comentar, mas, hoje, é dia de todos lerem o seu artigo, deleitando-se com mais essa obra de arte.
Agregaria, com a sua permissão, minha convicção de que nem sequer preocupações éticas e morais são encontradas entre os que tão facilmente acusam os seus pares, em nossa comunidade, de serem ‘timothistas’. Simplesmente, apelam para esses símbolos e estigmas irracionais com objetivos políticos. A sociedade brasileira está começando a ficar cansada desses santinhos-de-pau-oco. Senão a sociedade brasileira, mas, com certeza, a comunidade da UnB.
Um grande abraço,
Carlos Alberto Torres”
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*Nicolas Powidayko é estudante de economia, conselheiro discente no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE). Membro da Aliança pela Liberdade desde 2011.